Um Pouco de História

1994 - 2014
A verdadeira história SS



É certo e sabido que uma história tem várias versões, dependendo de quem a conta. Da mesma forma, normalmente quem conta um conto acrescenta um ponto. Se juntarmos a isto o estado, digamos alegre, que envolve, regra geral, tudo o que rima com claques, uma biografia em poucos anos já pode ser bem diferente da realidade. Por isso as linhas que se seguem foram escritas com todo o cuidado, recorrendo a várias fontes e pontos de vista, tentando manter a veracidade dos eventos, de uma forma humilde e sincera, pois como em tudo na vida, existem momentos bons e menos bons, mas sem dúvida que todos fazem a nossa cronologia.
Para a primeira parte desta autobiografia, referente ao período 1994-2007, reunimo-nos uns 12 SS numa mesa de café, e entre algumas minis e outros recuperadores de memória, as situações foram relatadas, debatidas e corrigidas. Muitas reuniões depois, lá se compilou o texto que podem ler mais abaixo.
A segunda parte da história é mais recente e corresponde ao período 2007-2014. Foi recolhida por altura do 20º aniversário da claque. O modus operandi foi um pouco diferente do anterior. Sete épocas, 6 ultras, cada um responsável por relembrar desde o acontecimento mais marcante ao pormenor mais irrelevante.
A nossa história em 2 fases. 20 Anos a defender um clube e a honrar uma cidade. Venham os próximos. 


 1994-2007

Sentado com um grupo de amigos que fielmente se acompanham há 14 anos, tentando transcrever a história dos South Side para uma folha há muito em branco, as memórias são muitas e cada vez mais, à medida que as mesmas vão despoletando, mais mil há muito esquecidas, atropelando-se para ficar numa folha cada vez mais pequena para uma história tão rica.

Quem diria, 14 anos passaram, as botas da tropa já nem se encontram no armário, os blusões de bombeiro há muito deixaram de ser fashion e as famosas DT pelas quais nos fazíamos transportar já são consideradas relíquias, mas as cores e paixão que motivaram a nossa fundação como que um grito de revolta numa época de modas, tentando valorizar Faro e o que é de Faro, num panorama nacional, continua bem patente e cada vez mais forte.

Ano de 1994. Faro mesmo sendo a capital do Algarve, era uma cidade pequena, ambiente familiar em que todos os grupos de diferentes estilos, mentalidades e ideologias, mantinham uma relação bastante próxima. Os South Side acabariam por ser o grande elo de ligação, marcando nas nossas memórias, essa época de uma forma bastante especial.

Era uma cidade apaixonada pelo futebol e pelo seu clube mais representativo, o S.C. FARENSE. E este foi o principal motivo para o nosso surgimento. Esta é a nossa história, relatada por quem a acompanha desde o início.

Acompanhado por uma moda ultra recém chegada de Itália, mas que não nos era estranha de todo, pois já tinham existido no S. Luís vários grupos a apoiar o clube, se bem com outros estilos (Pujança Moura, Alma Algarvia; Demónios Brancos), os South Side começaram a sua vida na época de 94/95 na 5ª jornada, frente ao Braga. No jogo inaugural cerca de 100 adeptos abriram tochas, potes de fumo e extintores que, em associação com balões, originaram nova cor no topo sul do S. Luís, apresentando à massa farense o significado da palavra coreografia.

Na primeira deslocação, um autocarro e uma carrinha fizeram-se à estrada rumo a Setúbal. Seria uma deslocação que viria a marcar o perfil da claque em invasões futuras: muito estrilho, confrontos com os locais e o autocarro praticamente destruído pelos próprios SS. Atitudes que custaram um dos poucos patrocínios obtidos pela claque (parque aquático e discoteca H2O). Com a polémica instaurada, a direcção do grupo sofre uma razia, ficando dois directores a conduzir o barco: André Pimpão e Paulo Castilho, de 16 e 17 anos respectivamente. A claque continuava já sem as faixas Hooligans e Ragazzi della Violencia, censuradas pela polícia. Os núcleos apareceram entre os quais os polémicos RAGAZZI SS e os ULTRA BOYS, onde se forma o perfil do carismático João Galrito. Aumentam as finanças da claque e por conseguinte o material e a independência do grupo. Aparece a SS Zine e a primeira sede, localizada debaixo do antigo peão e que possibilitava a sua utilização permanente. Espaço mítico onde se pintaram as primeiras faixas, se realizaram os primeiros convívios, chegando inclusivamente a servir de sala de ensaio para bandas.

Nos jogos no S. Luís já se tornava habitual ver cerca de 200 sócios SS na bancada, no entanto a mentalidade ainda não se encontrava bem implantada, sendo exemplo disso o tutti-frutti que vigorava nas cachecoladas.

Os pontos altos eram os jogos em casa contra “os grandes”, em que se realizavam coreografias consideradas, por quem seguia, entre as melhores do país. De elevado custo económico, só eram possíveis de executar graças às boas finanças do grupo. Frente ao Benfica uma cascata de rolos choveu da bancada SS, incendiando-se de seguida, fornecendo um belo efeito, numa vitória memorável do Farense por 4-1.

Contra o Boavista dois panos gigantes cobriram o topo Sul do S. Luís. Ao receber o Porto, e com o historial dos anos anteriores, assistiram-se a violentos confrontos envolvendo SS e SD, originando vários feridos e de novo a claque como tema de conversa entre as gentes de Faro. Neste jogo a bancada SS lotou com cerca de 500 elementos, que apresentaram um belo show pirotécnico.
A direcção do grupo convoca 12 colaboradores que usando braçadeiras na bancada, ajudam na organização da vida da claque. Por esta altura já os South Side fazem parte dos adolescentes farenses, criando iniciativas extra-desportivas, como os lendários concertos SS realizados no espaço 20 de Janeiro, com a presença de bandas míticas locais como os Punk-kecas e Sem Fuga.
As quatro deslocações no primeiro ano reflectem a vontade de espalhar o espírito SS pelos estádios do país, destacando-se a invasão a Leiria onde a claque se apresentou em força.
No último jogo em casa frente ao Est. Amadora festejava-se a primeira ida à UEFA, realizando-se uma dupla coreografia, em que o topo norte apresentava dois panos gigantes e no topo Sul vigorava uma faixa com os dizeres: “NASCEMOS PARA TE LEVAR À EUROPA”. No final do jogo, uma invasão de campo (a primeira de muitas) festejada ao rubro.
O SC Farense estava em alta, impulsionado por um grupo que se começava a definir como Ultra. Neste mesmo ano, Hassan foi o melhor marcador da 1ª liga com 31 golos e o Farense subia à divisão principal em basquetebol, após uma poderosa invasão SS a Olhão.
No final da temporada os South Side Boys já se destacavam no panorama nacional. Um primeiro ano atribulado e intenso para O grupo algarvio.

A segunda época iniciou-se frente ao Tirsense onde, para além da abertura de extintores inaugura-se a faixa “SIEMPRE BIANCONERO”, um colosso de 18 por 2 metros. Com uma mentalidade ultra mais madura as coreografias revelaram-se originais e surpreendentes. Belos exemplos são os tifos com o Sporting (topo repleto de cartolinas brancas), com o Benfica (enormes plásticos brancos que descendo formaram as siglas “SCF”), com o Boavista (6 letras gigantes e uma faixa pedia aos jogadores “VENÇAM…Merecemos ficar na primeira”) e frente ao O. Lyon (bandeira nacional com cartolinas), na primeira e única vez que os SS seriam anfitriões de um grupo ultra estrangeiro, Bad Gones.

Frente ao Porto, além da massiva presença no estádio, a cidade seria brindada com uma deslocação interna SS, iniciando-se no largo da pontinha com subida pela avenida do Liceu, com a faixa Ragazzi precedendo os cerca de 250 ultras presentes.

No que se refere a deslocações (8 no total), destacaram-se algumas realizadas por verdadeiro amor ao clube, principalmente ao norte do país: 3 ultras presentes em Guimarães exprimiam numa faixa o seu sentimento (“1500 Km reflectem o nosso amor por ti”); em Braga, 10 SS conseguiram regressar a Faro graças à ajuda do treinador e equipa técnica do clube; no Bessa, 5 elementos ficaram rodeados de Panteras Negras; em Lyon, 15 ultras lidaram de perto com fortes medidas de segurança, as quais obrigaram ao corte em 6 partes da faixa PRESENTES (nesta deslocação destaca-se o pequeno-almoço tomado com os jogadores). Na mítica invasão a Campo Maior neste ano, registar-se-ia a maior batalha campal da história SS, com tochas e bastões à mistura, da qual resultariam vários feridos e 15 detidos.

Quantos mais estádios os SS visitavam, quantas mais claques conheciam, mais se apercebiam do real valor da mentalidade ultra que tinham. Para isso ajudavam os recentes cachecóis e o vasto material produzido. Já “fardados” a rigor, os núcleos proliferam no seio SS (10 ao todo), destacando-se os SS Fuzeta, SS Emissora, os GAT (Grupo anti tripeiros), SS Lisboa, SS Norte e as SS Girls. Influenciados pelos pais desde que nasceram a apoiar o clube de Faro, vários jovens sobressaem no seio da claque, muitos deles formando núcleos, outros colaborando de formas mais casuais (sendo o Fernando Nuno um bom exemplo), naquele que mais tarde, se iria definir como o núcleo duro da claque. Neste contexto nascem os SS Penha. Liderados por Pedro Leitão e Nuno Pudim, iriam revelar-se preponderantes na vida da claque nos primeiros anos, tanto no aspecto positivo (com presenças constantes de 50 elementos) como no negativo (devido à agressividade espalhada pela cidade). Surgem os SS Gelatiere, constituídos por elementos mais velhos em relação à média de idades da claque, de onda brota o emblemático Rui Roque.
Aparecem os SS Budens, núcleo do concelho de Lagos, que apresentam cerca de 15 elementos no S. Luís frente ao Lyon.

A atitude revolucionária dos SS originava conflitos com a direcção do clube, sendo habituais as ofensas verbais durante os jogos tendo como alvo vários dirigentes. Como consequência e numa tentativa de isolar a claque, o topo sul passa a apresentar uma divisão em rede, delimitando um espaço exclusivo para os sócios SS com uma lotação de 350 pessoas. A entrada (a famosa porta SS) era controlada pelos dirigentes da claque que confirmavam o cartão de sócio SS (mediante o pagamento de 1000$00 por ano assistia-se a todos os jogos em casa).

Na última deslocação da época, com o clube lutando para não descer de divisão, 60 ultras rumam à Luz de onde arrancam uma magnífica vitória (0-1), num jogo memorável para todos os presentes. A permanência garantida abafa uma época em que, mais que os resultados da equipa, os South Side crescem como grupo, sendo reconhecidos como das melhores claques do país, ficando em 3º lugar no referendo nacional da revista ULTRA e sendo referidos em várias publicações estrangeiras como a Sup´Mag (França), Super Tifo (Itália) e Super Hincha (Espanha), revistas de culto para todos os ultras. A euforia dos festejos esconde o fosso que aos poucos se construía à volta da equipa de futebol sénior do SC Farense.

O 3º ano de existência inicia-se mais uma vez em casa frente ao Est. Amadora, onde é inaugurada a nova faixa. A direcção SS passa por nova alteração, juntando-se aos 2 directores existentes os prezados Paulo Barão e João Galrito. Neste ano alguns ultras marcariam presença no primeiro congresso nacional de claques em Leiria.

Nas deslocações destaca-se a transferta a Alvalade numa Sexta à noite, numa época em que os SS estariam presentes em cinco estádios fora de casa. A postura em casa dividia-se entre a excelente e a mediana, conforme o adversário e a transmissão na televisão, destacando-se o jogo frente ao Sporting com a coreografia realizada no topo norte: “Ontem, Hoje e Amanhã… SEMPRE FARENSE!”

No decorrer da época inaugura-se a nova sede localizada no 4º andar do edifico sede do Farense. Com a equipa a lutar pela permanência mais uma vez, denota-se um decréscimo quer ao nível do apoio vocal, quer em número, quer em termos de atitude na bancada, ficando a maior parte dos SS sentados. Como que um filtro invisível que mergulha no topo sul, os verdadeiros ultras começam a revelar-se…

Antes do inicio da temporada de 97/98, já a direcção SS levava uma reestruturação com os quatro dirigentes no activo a convidarem dois chefes de cada núcleo existente, totalizando 10 directores. Um deles, Rui Roque…

Aparecem os Grupos Abuíssa e Porno, que em vez de representarem bairros de Faro, eram constituídos por um grupo de amigos de várias zonas da cidade. Com uma postura crescendo de jogo para jogo, tornaram-se em poucos anos os pilares da claque, e a sua presença perdura até aos dias de hoje. Aproveitando a ideia, a direcção SS redefine o estatuto de núcleos, ficando estes a representar aglomerações fora de Faro e criou os Grupos dentro da cidade.
Nas deslocações efectuadas destacam-se, entre outras, Belém, Campo Maior, Luz e Coimbra.

Tal efeito de dominó, o decréscimo do rendimento da equipa leva a uma baixa geral nas assistências, incluindo a dos próprios SS. O espírito de equipa desta altura era mínimo e os ultras apenas se juntavam nos dias de jogo para, minimamente, apoiar o seu clube. Ainda assim, estreia-se a nova faixa principal (Bulldog) frente ao Benfica, numa época marcada pelas parcas coreografias realizadas. No último jogo em casa frente ao Salgueiros, festejando mais uma vez a permanência, registam-se confrontos com a Alma Salgueirista.

A celebrar cinco anos de existência, os South Side por pouco não tinham fôlego para apagar as velas do bolo. Com presenças mínimas de ultras na bancada, jogos havia em que a faixa principal nem era colocada. Num ano em que tudo parecia ruir, a claque perde a sede no 4º andar e assiste ao afastamento do lendário treinador PACO FORTES.

Apenas três deslocações marcam um ano negro na história SS. Após vários abandonos a direcção fica definida, resistindo quatro ultras Farense que perdurariam até à época de 2002/2003: João Galrito; Margarida (Austra); Paulo Castilho e Rui Roque.

Em 99/00 registam-se profundas alterações na estrutura do Farense, com a entrada dos espanhóis na SAD criada na época anterior. Uma entrada envolta em controvérsia gerada principalmente devido ao rumor da alteração do símbolo principal do clube. Muitos sócios míticos do SC Farense afastam-se, alargando ainda mais a barreira que separava o clube da sua cidade. Os South Side desenvolvem uma relação estável com o representante dos espanhóis, Pablo Santiago, reunindo-se com este esporadicamente. Este senhor revelou-se dono de uma mentalidade ultra relativamente aos peñas, muito à frente, apresentando propostas plausíveis para a claque, fruto da sua experiência como coordenador da curva ultra do Salamanca.

Com resultados desportivos do clube aquém das expectativas, que conduziam a chicotadas psicológicas a meio da temporada, louvam-se os convites que a SAD disponibilizou aos SS possibilitando um aumento da massa humana nos jogos em casa.
Nesta época destaca-se o primeiro jogador a mostrar constantemente uma postura de empatia para com a claque, Lucian Marinescu.

Em deslocações, a claque volta a visitar campos conhecidos (5 no total), destacando-se a transferta a Campo Maior com a presença de 10 autocarros com adeptos farenses.
E no sétimo ano de existência, a claque ressuscita. Das conversas com Pablo Santiago surge a ideia da BANCADA JOVEM SS, um espaço físico semelhante à divisão da bancada ocorrida na época 95/96. Por 12.000$00 ao ano, os sócios poderiam assistir a todos os jogos em casa do seu clube. Com novo fôlego, registam-se sete deslocações, marcando presença pela primeira vez em Aves, Aveiro e Alverca. Com uma base forte constituída essencialmente pelos Grupo Abuíssa, Grupo Porno e pela direcção, a claque aposta na divulgação das suas acções através de propaganda espalhada pela cidade, mostrando que no meio da destruição do clube, ainda existiam aqueles que acreditavam! Mais fortes, começam a apresentar uma forte tendência interventiva, contestando tanto a direcção do clube como a própria equipa técnica, culminando em confrontos frente ao pavilhão com as forças policiais.

Na época de 2001/2002 a claque torna-se uma associação, tendo como presidente o fundador Paulo Castilho. Num ano em que se assiste ao regresso do mítico Paco Fortes ao S. Luís, a equipa de futebol sénior do farense desce de divisão após 10 anos na 1ª liga. Não devido à falta de apoio da Associação South Side, presente em cinco estádios: Bonfim, Luz, Paços de Ferreira, Portalegre e Vidal Pinheiro. Os Grupos aumentam com o aparecimento dos SS Olhão, liderados por um ultra criado na «La Curva» argentina, Nehuen ‘Argentino’.

Com 9 anos de história, pela primeira vez os South Side apoiavam o seu clube na 2ª liga. Reagrupam-se velhos amigos, como a Emissora, Soldiers, Penha e Fuzeta; consolidam-se outros como Abuíssa, Porno e Budens, havendo espaço para o aparecimento do Grupo Sonoro e do grupo Nova Guarda. Aparecem os primeiros cachecóis em cetim.

Com cerca de 100 elementos no activo os South Side apresentam-se em 9 estádios, totalizando 8236 Km de estrada durante a época. Destaca-se a invasão a Portimão, onde 130 ultras SS mostraram quem era verdadeiramente o orgulho do Algarve. A direcção sofre alterações passando a ser presidida por Rui Roque, sendo vice-presidentes João Galrito e João Araújo. São criados formalmente os órgãos sociais da associação. O 9º aniversário dos South Side é celebrado com um concerto no pavilhão do clube, com um cartaz bem representativo do gosto musical ultra, onde tocaram e encantaram os Kontrattack, Mindlock e os Mata Ratos. Contrariando todas as expectativas, os ânimos dos ultras de Faro não esmorecem, sendo um dos principais factores para tamanha demonstração de paixão, a revolta pela crescente degradação do clube e aproveitamento das chamadas "forças vivas da cidade" em proveito próprio. No final da temporada, o Farense apesar de garantir a permanência desce de divisão na secretaria, devido à má gestão por parte da SAD do clube. Mais um balde de água fria para os ultras SS.

Dada a passividade do povo de Faro derivada das grandes mágoas existentes com os ainda dirigentes do clube, os South Side Boys adoptaram uma postura mais política dentro do clube, tornando-se na voz da revolta dos sócios. Marcando presença em todos os estádios do território continental e na Ponta do Sol, na Madeira, apresentaram-se na 2ªB mais coesos em todos os aspectos. Num Farense podre por dentro tentaram honrar a história gloriosa do clube, conscientes que eram a única salvação para o futuro. Iniciando o campeonato a apoiar uma equipa de futebol composta pelos juniores, os South Side reúnem 230 sócios, realizando uma invasão à terra vizinha de Olhão, deslocando-se de barco. Em casa apresentavam uma massa humana mais grandiosa que nas épocas anteriores, mas a verdadeira diferença residia na atitude na bancada, com um apoio incansável à equipa, destacando-se a independência dos resultados, negativos a maior parte das vezes. A gestão e funcionamento dos bares do S. Luís ficariam a cargo da associação SS, revelando o aparecimento de um novo grupo, impulsionado por Pedro Carrega, a Legião Boda, que trouxe consigo a experiência dos “Escutas” no que toca ao sentido de organização, aventura e mentalidade, o que prova que a qualidade dos grupos nada tem a ver com o seu número de elementos. Na mesma época surgem ainda os grupos Praia de Faro e Velha Guarda. Tanto apoio não impede nova descida de divisão, algo esperada pelos ultras que diariamente viviam a vida do seu clube.

Eis que na 3ª divisão repete-se o início do campeonato com a equipa a jogar com os juniores. Cada vez mais restringidos a nível geográfico, os South Side marcam presença em todos os estádios onde a sua equipa joga, 100% PRESENTES, após 11 anos de existência. Para celebrar a data convidaram os Peste & Sida a tocar no pavilhão do Farense, uma aposta que sairia furada, uma vez que, sendo Quinta-feira, à noite, e em plena semana académica da UAlg, o público não aderiu como o esperado, mergulhando a associação num buraco financeiro. Como sempre ao longo da sua existência, os ultras SS, comandados pelo seu presidente e mentor Rui Roque, aproveitariam a má sorte para amadurecerem. Para isso foi essencial a conquista de uma nova sede. Com localização privilegiada, torna-se rapidamente o ponto de encontro diário de todos os ultras, consolidando o grupo de uma forma inédita até à data. Iniciativas como O Grupo mais fiel originam uma rivalidade saudável entre os vários grupos, possibilitando presenças massivas, como a realizada ao Imortal de Albufeira, com mais de 100 elementos.

O clube conseguia a permanência, mas a sua situação financeira continuava crítica, colocando em risco a sua inscrição na época seguinte. Nesta época a associação marca presença nos principais eventos realizados na cidade, com espaços SS (barraca 12) na concentração de motos, na semana académica e na semana da juventude.

Tal só foi conseguido devido à pressão exercida pela associação SS. Dado o rumo que o clube seguia, várias foram as iniciativas de protesto e revolta lideradas pelos South Side, desde a manifestação no centro da cidade intitulada "Eu sou Farense" em alusão ao divórcio entre a cidade e clube, aglomerando mais de 400 pessoas, à invasão de campo interrompendo o jogo em protesto, envergando uma faixa que lançava a questão “Tens vergonha de ser Farense?”.
No entanto, após 8 jogos realizados pelos juniores devido à impossibilidade de inscrever jogadores por culpa da  divida acumulada na federação, o clube acaba com a participação da equipa de futebol na 3ª divisão. O ponto alto desta época foi a vitória conseguida na deslocação a Ferreiras, premiando os South Side pela sua fidelidade e os briosos juniores pelo seu esforço, jogando simultaneamente em 2 campeonatos- o seu e o dos seniores.

Sem futebol ao fim de semana, sem clube do coração sem apoiar, a associação vira-se para os seus, criando várias iniciativas que consolidam o grupo. Prepara-se uma lista para as eleições para os órgãos socais do clube, que nunca chegaria a avançar devido ao facto de a direcção não cumprir os prazos legais da realização da mesma, tornando-se ilegítima aos olhos da associação SS, facto que se manteria inalterado até aos dias de hoje.

A um passo dos 13 anos de existência, estamos vivendo uma experiência na distrital totalmente nova, mas dentro da visão que temos do que deve ser o futebol, somos contra o futebol moderno!!!
O número de sócios SS ultrapassa os 100 elementos, e a adesão cresce de jogo para jogo, dado o protagonismo local e regional que a associação tem tido, quer nos jogos em casa, quer nos jogos fora, contribuindo para tal o facto de todas as deslocações se realizarem no Algarve, usufruindo pela 1ª vez das condições que os restantes grupos nacionais dispõem a nível geográfico.
O resto da história ainda está bem fresco em todos nós. Quem nós somos, quem são os SOUTH SIDE, e provavelmente ao leres isto, muitas serão as recordações que passam pela memória deste passado recentíssimo. Dicas??: Torneios PES; torneios de sueca; paintball; jantares de grupos; jantar de Natal; deslocações a todo o lado, e sempre com mais de 40 elementos, inclusive internas, destacando o momento alto que aconteceu no 1º derby da cidade desde a década de 60, com a UAlg, onde estiveram presentes 150 ultras que apresentaram uma coreografia memorável, ilustrativa da nossa grandeza. Frente aos 11 Esperanças a cidade seria brindada com um comboio turístico fretado pelos South Side, para nos fazer transportar durante o rally tascas, iniciativa que teria origem frente à UAlg.

Com a subida garantida neste momento, temos a oportunidade de celebrar o título de campeões, algo inédito na nossa história. Um brinde para todos os sócios SS, tanto para aqueles que o são desde o início, como principalmente para aqueles que desde que o são, nunca viram o SC Farense a jogar na 1ª liga.

Esta é a nossa história (1994-2007)
2007-2014

Sete anos passaram desde o ponto onde ficou a história SS. Sete anos passaram a correr, mas nem por isso faltaram aventuras no seio da claque. E sempre que chega a hora de escrever estas linhas todo o sentimento vem ao de cima. Dizem que recordar é viver, pois bem o objectivo é que todos os que lêem estas memórias revivam os belos momentos que fazem parte da nossa cronologia, parte de nóSS. As próximas linhas não saem da cabeça de um só, antes são fruto da compilação de recordações de muitos ultras que viveram e continuam a viver o dia-a-dia da claque. 


Vivia-se a época de 2006/07, após o fim da participação do clube nos campeonatos nacionais de futebol, eis que o Farense surge no escalão mais inferior, na 2ª Divisão dos campeonatos distritais. Uma nova realidade para todos os Ultras Farenses. Foram duas épocas em que vivemos momentos inesquecíveis. Não nos interpretem mal, não queremos voltar a ter esta experiência, porque o lugar do Farense é na 1ª Liga, mas sem dúvida alguma que o tipo de futebol que vivemos muitos não o conheciam. Futebol puro e sem os milhões que condicionam o futebol moderno de outras divisões. No final do campeonato da 2ª Distrital o Farense sagrou-se campeão. Um título inédito, nunca antes vivido pelos adeptos Farenses. Festa rija, do tipo cigana, com muitos dias em claro a festejar e muitos outros a recuperar. Num ano que surge a campanha “ÉS DE FARO… ÉS FARENSE” a claque tem um recomeço no apoio à equipa sénior do clube em alto nível, com boas prestações na bancada, em deslocações e dentro da cidade. É uma altura em que o clube não tem massa associativa à excepção daqueles que nunca o abandonaram, os South Side Boys. Aproveitando este facto, a claque esforça-se por relembrar a todos os habitantes farenses que o FARENSE existe e que terá sempre quem o acompanhará.
Na época de 2007/08, a jogar na 1ª Distrital, mais uma vez os South Side dizem “presentes” quando a maioria das pessoas da cidade ainda estavam de costas viradas para o clube. A claque marca presença em todos os jogos fora, aproveitando a parca distância geográfica, percorrem o Algarve de lés a lés, espalhando o nome de um clube e de uma cidade. Saem reforçados da experiência, reforçados enquanto claque organizada, reforçados em espírito, em mentalidade, postura e forma de estar. Acima de tudo saem reforçados em união e fortalecidos enquanto grupo. Criam-se os departamentos dentro da claque, que em termos de organização interna marcaram pela positiva. Relegados para o Estádio Algarve nos jogos em casa, praticamente só a claque apoiava o clube. As deslocações tornam-se muito mais que ir ver o Farense jogar. São autênticos festejos nas bancadas e não só, com vários eventos a surgirem antes do apito inicial do árbitro. E foi a postura correcta, pois os jogos de futebol em si eram de um nível abaixo da média, certos campos nem para cultivar batatas serviam, mas nóSS fazíamos sempre a festa, mostrando que não nos interessava se o clube estava em alta, não nos importávamos que o clube estivesse em baixo, jubilávamos sim pelo FARENSE estar vivo.

Pontos altos da época foram sem dúvida algumas deslocações, nomeadamente a Salir. Na celebração de um golo cai a rede que dividia o campo do morro onde se encontravam os SS. Nada de anormal não fosse um elemento da claque ficar com uma ruptura de ligamentos com luxação muscular. Coincidências à parte, o certo é que esse elemento nunca mais abandonou a claque, vindo-se a tornar um SS de corpo e alma, ainda hoje participando activamente na vida da claque. Bruno, o Cabeçudo, sem dúvida ficou com uma história para contar aos netos. Ainda nesta época destaca-se uma deslocação a Vila Real de Stº António com cerca de 200 elementos, com um mini cortejo para o estádio bastante barulhento, onde o Grupo Budens mostrou toda a sua garra. Este grupo, aproveitando a terra de origem, acompanhou nesta época a claque em muitos estádios, como na deslocação a Odeceixe, onde nos proporcionaram um belo fim-de-semana. Destaque ainda para o derby da cidade com o Faro e Benfica e duas deslocações a Alvor onde existiram alguns desacatos com os jogadores do Alvorense. No final da época o FARENSE sagrou-se campeão num jogo em Machados, que coincidiu com o 14º aniversário da claque. Os South Side aproveitaram esta alegria para invadir a baixa de Faro e mais uma vez mostrarem às gentes da cidade que o FARENSE estava vivo. Os jogadores acompanharam a festa, e clube e claque cada vez mais, tornam-se um só. Estes dois anos deixam muitas saudades, mas o único caminho é para a frente. 


Na época 2008/09 o nosso Farense regressa aos campeonatos nacionais. Com os mesmos problemas do passado o Farense debate-se com uma direcção claramente ilegal. Os South Side continuam a lutar para que essa situação seja resolvida, algo que só aconteceria no final desta época. Com o regresso aos nacionais regressam também as deslocações mais longas, voltando novamente a claque aos campos alentejanos e da margem sul, intercalados de outros no Algarve.

A época começa com um torneio em Lagoa em Julho, bem no meio da chamada silly season. Aproveitando o clima do Algarve, os ultras mobilizam-se para um belo fim-de-semana, deixando bem claro a vontade de continuar a transformar os jogos do clube em autênticas festividades. Recomeçam as deslocações regulares de Autocarro o que traria maior conforto aos ultras. Numa dessas deslocações, Lusitano Évora, acontecem sérios confrontos com a polícia local, sendo necessário efectuar o resgate de um ultra na esquadra da cidade. Na Cova da Piedade o clube local colocou bilhetes a preços proibitivos. As divisões secundárias também têm os seus clubes-abono. O FARENSE pelo seu historial é porventura um deles. Como não alimentamos chulos, a decisão foi unanime e a claque decidiu subir a um morro por detrás do topo, colocando as faixas e panos nas árvores. Um dirigente do clube grita do relvado que tinham conseguido as entradas mais baratas, mas os ultras não se vendem e mantêm a postura. Imagino o que pensaram os nossos jogadores ao entrarem em campo.. . Novamente em Évora, agora contra o Juventude, os South Side mobilizam mais de 100 elementos. Num ano em que o Farense tem aspirações iniciais a subir de divisão, os resultados não correm bem, e após algumas chicotadas a época termina com o director desportivo a treinador (Barão). Acontecem fortes alterações na estrutura directiva da claque. Depois de seis anos na presidência dos South Side, Rui Roque renuncia ao cargo, por motivos que só o próprio poderá enunciar. Fica aberta a porta para as eleições dos órgãos sociais da associação, que se disputariam pela primeira vez com duas listas concorrentes. Os sócios SS são chamados às urnas e após um a renhida disputa, ganharia a presidência João Galrito, vice-presidentes João André, Pedro Roque e Pedro Carrega. É realizada a primeira campanha solidária de roupas e brinquedos a dar a uma associação de solidariedade social em Faro. Um ano bastante intenso no seio da claque.


A época 2009/10 começa com as eleições para os órgãos sociais do SC Farense. Grande parte dos elementos dos South Side concorrem à direcção do seu clube do coração com um projecto viável, mas os sócios votam maioritariamente na outra lista. Resolveu-se assim um problema gravíssimo que apoquentava o clube, com a eleição de uma direcção legítima. Os South Side tentam aproximar-se mais da cidade e da sua gente, realizando várias iniciativas. Exemplos disso são a distribuição de bandeiras "Farense Sempre" pelos cafés do concelho e o protocolo com a associação de músicos, permitindo que vários artistas da cidade tornem a sede da claque um local de apresentação da sua arte. Continuou-se com as campanhas de recolhas de roupas e brinquedos na altura do Natal. Realizou-se uma exposição na baixa de Faro, nas comemorações do Centenário do clube onde a claque foi homenageada. Só fazemos o que sabemos fazer, e o que fazemos é de coração. Não procuramos protagonismos, mas o que é certo é que sabe bem o reconhecimento por parte do clube. Nesta época tenta-se patrocinar as escolas de formação do Farense. Mas mais uma vez as mentes mesquinhas do clube exigem a não colocação do símbolo SS nas camisolas. Parece que voltámos a 1994 com a velha história dos SS (iniciais de South Side) e a preconceituosa associação aos SS nazis. Ele há mentes que nunca mudam. O problema até era fácil de contornar, mudando o símbolo por outro, mas os South Side recusaram, dando mais um passo na preservação da sua identidade e na luta contra essas mesmas mentes preconceituosas. Não nos envergonhamos do que somos, do que defendemos nem de como o defendemos. O resultado foi nesta época a claque ter patrocinado a equipa 11 Esperanças. O Farense começa a época a jogar no Estádio Algarve, tal como as épocas anteriores, mas a meio da época passa a jogar no Estádio S. Luís em definitivo. Um campeonato parecido à da época anterior em termos de adversários, com algumas equipas do Algarve, Alentejo e Setúbal. Presentes em todas as deslocações, os South Side não conseguem evitar alguns confrontos nos campos adversários, muito devido à postura das forças policiais locais. Os agentes de autoridade das brenhas certamente ouviam histórias na comunicação social das claques a sério, e de repente encontravam-se frente a frente com uma. Assim foi no campo do Fabril e Monte Gordo. Em Moura, regresso do mítico evento "Carne e Vinho", onde as margens do suposto Alqueva, serviram de convívio e preparação para um belo jogo. O Farense, em ano de Centenário, conseguiu a subida à 2ª Divisão B nacional, num jogo memorável com o Cova da Piedade em casa. Onde só a vitória interessava, o Estádio de S. Luís teve uma grande moldura humana, sendo o momento em que as pessoas de Faro deixaram de perguntar algo que dava vómitos "O Farense ainda existe?" Jogo em que os South Side passaram para o topo norte, jogo em que não passava um minuto sem haver uma explosão, o Farense ganhou e subiu.


A época 2010/11 começou com elevadas expectativas, no jogo inaugural a claque realizou uma coreografia brilhante onde um comboio desfilava na bancada com a seguinte mensagem: "Próxima paragem 2ª Liga!". O Farense tinha subido de divisão e existiam 3 equipas dos Açores no mesmo escalão. Na primeira destas deslocações às Ilhas, ditava o sorteio que os ultras se deslocassem à ilha do Pico, no entanto, devido aos voos e oferta hoteleira, a romaria dirigiu-se ao Faial, onde cerca de 15 elementos fizeram a festa e escaparam à morte no estádio do Madalena. Parece exagero, mas é a realidade muito devido a uma incursão nocturna à Marina do Faial onde estavam a “oferecer” pirotecnia em abundância. Felizmente, o único dano a relatar foi mesmo o pequeno incêndio que a faixa principal da claque sofreu. Destaque também para a numerosa família do Tuse (Inglês) que acompanhou a claque para todo o lado e destaque também para o Peter’s Café, local transformado em sede honorária SS durante a estadia na ilha. Por esta altura (Setembro 2010), João Galrito renuncia ao cargo de Presidência dos South Side, sucedendo-lhe o Pedro Roque (que já pertencia à Direcção anterior). Em Novembro os ultras regressam aos Açores, desta vez com 5 elementos. Num jogo realizado na praia da Vitória, na ilha Terceira, um dos ultras viveu intensamente esta viagem, fazendo jus à expressão «Quem dorme, pouco aprende». No total dos 2 dias repousou 5 minutos. Esgana para uns, esgalha para muitos, mostrou no meio do Atlântico as façanhas de que o povo de Faro é capaz (durante as 24 horas dos dias). Na última viagem aos Açores, os South Side deslocaram-se em peso à ilha de S. Miguel (cerca de 25 elementos), para defrontar o Operário. Mais uma deslocação grandiosa e mais uma vez muitas histórias vividas. Já se sabe que as memórias ficam para quem as viveu, mas não podemos deixar de mencionar o estabelecimento nocturno onde os SS conviveram com anões e afins, no que mais parecia um espectáculo burlesco, um verdadeiro freak show. E como à terceira é de vez, lá se trouxe uma vitória das ilhas! Nesta época, destaque para o jogo em Merelim (Braga) para a Taça de Portugal e o Oriental (Chelas) onde se registaram desacatos com os locais e posteriormente com a polícia. Os confrontos nem sempre correm bem, quem vai à guerra dá e leva, e desta vez os ultras SS saíram maltratados. Ficou a atitude, pois ninguém recuou nem tremeu perante o adversário. Em Dezembro de 2010, o treinador do clube Joaquim Sequeira viria a falecer e a época foi concluída pelo “jovem” treinador João de Deus que após uma sequência brilhante de jogos, retirando a equipa dos últimos lugares, viria a chegar à última jornada dependente apenas de um empate para garantir a permanência. Num estádio de S. Luís com 5000 espectadores e após a equipa estar a ganhar ao intervalo, o inevitável aconteceu e o Farense perde por 1-2, relegando o clube de volta à 3ª Divisão. A massa adepta destroçada reconhece o esforço dos jogadores, e mais uma vez sente-se a união dentro do clube. Após quatro épocas de triunfos e euforia, os ultras SS e os adeptos Farenses passam o teste da derrota com distinção. Nesta época, deu-se início ao prémio para o melhor jogador (votação sócios SS) com o nome Troféu Joaquim Sequeira sendo o vencedor o jogador Serrão (guarda-redes). O vencedor do “Grupo Mais Fiel” seria o Grupo Porno. 


A época 2011/12 começa com a Taça de Portugal, saindo no sorteio uma deslocação às Caldas da Rainha. No final do jogo após provocações do guarda-redes adversário, os SS invadem o campo e pedem contas ao mesmo, trocando-se "galhardetes" com jogadores adversários e ACAB. Para o primeiro jogo do campeonato, na recepção ao Quarteirense, preparou-se a maior fumarada que alguma vez o S. Luís viu e uma das maiores de sempre feitas em Portugal. 

Depois de alguns anos de recusa, a claque consegue finalmente patrocinar a formação do clube. Será sempre um orgulho ver os noSSos miúdos com o noSSo símbolo ao peito! De modo a estreitar ainda mais os laços com estes jovens, organiza-se o primeiro almoço convívio com os atletas de formação e seus pais. Na última deslocação de 2011, dois autocarros completamente cheios abalaram para a Costa da Caparica, a que se juntaram mais uns quantos carros vindos de Lisboa, totalizando cerca de 130 ultras na maior deslocação de sempre, até à data, fora do Algarve. No primeiro jogo do ano de 2012 contra o Esp. Lagos, os SS apresentam a maior tarja alguma vez aberta no S. Luís, "AMOR ETERNO", um colosso de 60 por 9 metros, que ocupou todo o topo norte. O Farense respondeu com uma magnífica exibição e ganhou 5-0. O ambiente era de grande euforia como se podia esperar, mas os ACAB tinham um plano para estragar a festa e os confrontos foram inevitáveis. O jogo seguinte em casa foi contra o Sesimbra e sob forma de protesto o jogo inicia-se com a bancada SS vazia, apenas com uma faixa "REPRESSÃO POLICIAL, BANCADAS VAZIAS, SILÊNCIO TOTAL". Após 5 minutos de jogo em absoluto silêncio, os SS regressam à bancada vindos de vários sítios do estádio e debaixo de uma ovação do restante público.

O Farense acabaria por terminar a 1ª fase do Campeonato Nacional da III Divisão sem perder um único jogo, sendo a única equipa a conquistar tal feito inédito. O Farense era também a única equipa invencível do país inteiro.

O jogo do dia de aniversário, contra o Esp. Lagos, realizou-se em Silves devido à interdição do S. Luís, como consequência do sucedido nas Caldas, adiando para 15 dias depois, a festa dos 102 anos do clube. Para esse jogo, contra o Quarteirense, a claque distribuiu pelos carros da cidade convites para o jogo, amarrados a um balão preto ou branco. O campeonato terminou e o Farense foi campeão, conquistando um título que ainda não tinha, com comemorações na baixa e na Semana Académica. No primeiro fim-de-semana de Julho, organiza-se o primeiro Arraial Farense. A frente do pavilhão do clube é palco de uma enorme festa preparada de e para as gentes de Faro. Uma iniciativa de enorme sucesso, mais uma a servir de propaganda para enaltecer o nome do SC Farense. Outras iniciativas do tipo passaram pela realização de um jantar na baixa de Faro, no bar Cruzeiro, mostrando uma claque mais aberta para a cidade. É inaugurado o novo blog da claque: http://southsideboysfotos.blogspot.com, onde todos os interessados podem visualizar as fotos de todos os jogos da claque. 


Findo o verão, mais uma vez os South Side regressam a estádios bem conhecidos recentemente. Corre a época de 2012/13 e o Farense regressa à 2ª Divisão B. Com os acontecimentos passados ainda bem quentes nas memórias, clube e claque adoptam uma postura mais comedida. Claro que esta atitude é em relação a assumir uma possível subida de divisão, porque em relação à atitude dos ultras SS o que existe menos é a moderação. Ora vejamos: todas as deslocações foram efectuadas de BuSS, excepto claro está ao campo da Ribeira Brava. E que bela transferta esta. Os ultras mobilizaram-se em força para a viagem à Madeira. Foram uns belos dias passados no meio do atlântico e em que 60 ultras regressam com o clube no 1º lugar da tabela. As histórias ficam para quem as viveu, as ponchas ainda hoje perduram algures nos fígados da malta. De resto a deslocação mais numerosa foi ao campo do Oriental. Ainda destaque para a invasão a Mafra, precedida de um belo churrasco com o SS Palmeira a dominar a grelha. A certa altura e como o fogo não queria pegar alguém se lembrou de acender uma tocha para ajudar a queimar o carvão. Mas em vez de tocha, sai um pote de fumo laranja. Mais uma situação caricata a juntar a muitas outras.

Nesta época mais do que nos jogos fora, a claque destaca-se no S. Luís. Foi um ano de viragem para todos os sócios SS que pela primeira vez têm que ser inevitavelmente sócios do SC Farense. Algo que já se vinha falando há algum tempo nos corredores e uma obrigatoriedade bem recebida pela direcção da claque. Era o fim do cinismo. Não se pode apregoar o que não se é. Se somos todos Farenses, de corpo e alma, pois bem que mostremos a nossa dedicação sendo sócios do clube, sócios em pleno direito. É tudo uma questão de hábitos, e terá que ser hábito poupar os euritos para pagar a cota mensal. O resultado imediato é um decréscimo no número de sócios SS, baixando dos 250 elementos na época transacta para os 161 nesta época. Colocando tudo numa balança, ganharam os South side em pureza e ganhou o Farense, que ficou com mais uns sócios, daqueles sócios que nem tão cedo abandonarão o barco. E falando em barco, eis a coreografia logo no primeiro jogo da época. Um barco navegando numa bancada transformada em mar calmo, com uma faixa que dizia: Em busca do tesouro perdido. Coreografias não faltaram no S. Luís, sendo exemplo as realizadas com o Torreense, Mafra e Casa Pia, já de regresso ao topo Sul do estádio. Engraçado como as razões de (in)segurança que o topo apresentava, ficaram resolvidas sem nenhuma intervenção estrutural. Foram apenas 3 épocas fora do nosso topo, mas regressámos um grupo mais maduro. A temporada no topo norte junto ao adepto normal do clube foi benéfica em todos os sentidos, e a aproximação fez-nos crescer em número e ao mesmo tempo serviu para os sócios do Farense entenderem-nos melhor. Juntos aplaudimos de pé as derrotas, partilhámos reviravoltas e grandes vitórias, festejámos subidas, honrámos descidas, encarámos os A.C.A.B. Mas o topo sul é o topo sul e por alguma razão nunca retirámos o mesmo dos nossos cânticos.

No jogo decisivo contra o U. Leiria, o último do campeonato, o Estádio de S. Luís regressa aos tempos áureos de antigamente. Os South Side marcam uma concentração junto ao mercado da cidade e à hora prevista encontra-se toda a gente, núcleo de Budens e Lisboa inclusive. A equipa chega ao estádio escoltada pelo Moto Clube de Faro, onde 14000 Farenses enchiam as bancadas. No sector SS perto de 500 adeptos já entoavam cânticos 30 minutos antes do início do jogo. A cerveja estava de volta ao bar, sentia-se alegria, sentia-se festa, sentia-se nas pessoas o orgulho no Farense, sentia-se uma cidade em peso, O S. Luís estava cheio, de muitos adeptos de ocasião é certo, mas é um momento que todos nós necessitávamos, pois a caminhada desde 2007 foi longa e cansativa! Voltando ao jogo, os SS distribuíram na bancada 1500 bandeirinhas, pretas, brancas e cinzas, com o logo SS. Abriu-se a faixa " Tesouro a vista, vamos à conquista!" aludindo à coreografia da 1ª jornada. O resultado foi o esperado, brindando todos os SS com a desejada subida. Pois foi uma época com alterações de treinador, várias lesões no plantel e constantes entradas e saídas de jogadores. E aqui entraram os SS em acção. NóSS apoiámos, nós motivámos, nós fizemos os jogadores acreditar que era possível e eles fizeram-nos acreditar que conseguiríamos. E assim foi, jornada atrás de jornada, estádio atrás de estádio, sempre presentes. Para o final da época salientam-se os jogos no Restelo, onde os South Side conviveram de perto com a repressão da liberdade de expressão dos adeptos tão característica das ligas profissionais. Num ano em que se destaca mais uma vez o excessivo uso da pirotecnia, a bancada SS apresenta muito material próprio, sendo raro o jogo onde não se usem bandeiras e estandartes. Mas nem só de futebol se fez a época. A claque marca presença no apoio ao futsal e em várias festas na cidade, sendo exemplo as festas de S. Pedro e a realização do 2º Arraial Farense, esta última criada e organizada exclusivamente pelos South Side.


E assim se chega à época actual, 2013-2014, uma época que independentemente de tudo se quer de festa. Os South Side Boys sopram 20 velas. Foi um longo caminho efectuado desde 1994 e, mais do que o ponto de partida e chegada, deve-se celebrar todo o percurso sucedido. Nesta época o clube chega a uma liga profissional e muitos ultras chegam a uma nova realidade. Muitos começaram o percurso na claque com o clube a militar nas distritais, e desde cedo se habituaram às divisões inferiores. Ainda assim a animação de todos foi constante, com vários cânticos novos a estrearem nesta temporada.

Logo na primeira deslocação do campeonato os South Side mostram a sua força, com cerca de 3 autocarros a invadirem Portimão, e um total de 250 elementos, na maior transferta da claque até à data. Num jogo em que o clube sofre uma pesada derrota por 3-0, a claque faz a festa, mostrando que os tempos onde o resultado importa já lá vão. Num ano muito pesado no número de jogos, mesmo antes do campeonato começar, já os ultras SS levavam 3 jogos da taça da liga, marcando boa presença em Tondela.

Mais uma vez presentes em todos os estádios, os South Side conviveram de perto com alguns grupos de adeptos das equipas adversárias. Destaque para a deslocação a Leixões com um autocarro esgotado, num jogo a uma quarta-feira; a Chaves, a deslocação mais longa da época, onde 6 ultras aproveitam a viagem para percorrer a mítica Estrada Nacional 2, juntando-se, 3 dias e muitas aventuras depois, ao autocarro SS; Alcochete onde 2 autocarros de ultras à pinha invadem a academia para apoiar o Farense; Frente ao Porto B, um autocarro e uma carrinha, relembraram em terras do eterno rival, tempos idos. Nestas duas ultimas deslocações, mais uma nova realidade, a presença dos Stewarts. Na época com maior numero de Km´s percorridos, sempre que os jogos fora acertavam num fim-de-semana, um BuSS foi garantido. Destaque ainda para o mês de Outubro, mês que ditava o calendário três deslocações à ilha de Madeira. Em cada uma delas, 6 ultras levaram o nome Farense além-mar, mostrando aos nativos que a quantidade é algo relativo na bancada, que quando se canta de coração, corpo e alma, seis vozes parecem mil! De resto estas viagens, muito curtas de duração, resumiam-se a almoço, estádio e ponchas. Feitas as contas, cada hora na ilha ainda saiu cara. Juntando a deslocação aos Açores para defrontar o Santa Clara, esta época foi certamente a mais dispendiosa para os ultras que quiseram acompanhar sempre a sua equipa. Com o Farense a participar no campeonato, taça da Liga e taça de Portugal, foram cerca de 49 (fora amigáveis e pré época) a quantidade de jogos que os SS foram brindados. Nos jogos em casa a claque apresentou algumas belas coreografias, sendo exemplo frente ao Oliveirense (Morte em chamas), Tondela (Honra o teu clube, Defende a tua cidade) e Portimonense (plásticos pretos). Este ultimo jogo teve direito a carga policial na concentração SS junto ao estádio, aparentemente só para servir de treino aos ACAB. Com jogos a qualquer dia da semana, e com a incerteza da data da realização dos mesmos, ainda sobrou disponibilidade à claque para estar presente no apoio ao Basket e realizar iniciativas em prol dos Farense: Arraial SS; SS Music Fest; Lanche futebol formação; entrega de autocolantes SS nas escolas. Ainda esta época os South Side Boys tornam-se o 1º núcleo oficial do S.C.Farense. Sem duvida uma época cheia e que enche de orgulho qualquer SS.

Ao celebrar 20 anos de existência os South Side Boys atravessam um belo momento. Um dos nossos lemas é Sempre Presente, e disso a nossa equipa não se pode queixar. Onde quer que o Farense jogue a nossa presença é uma realidade com apoio garantido durante os 90 minutos. Nos últimos 10 anos marcámos presença em todos os estádios onde o clube jogou. Seja ao Domingo, Segunda ou Quarta-feira, Seja em Chaves ou nas ilhas, algum SS há-de de lá estar.

Ao celebrar 20 anos de existência, somos Irredutíveis Farenses. Acompanhamos o nosso clube não por obrigação, não por tradição, acompanhamos simplesmente porque queremos, porque gostamos, porque nos dá prazer estarmos nas bancadas, saltar, gritar e cantar pelo grande Farense. Se agora são 191 os que se podem afirmar 100% SS; 100% Farenses, muitos nos seguirão. E tu que ÉS DE FARO estás à espera do quê para te juntares a nóSS…

2 comentários:

  1. Excelente história! Parabéns! Vejam artigo sobre os SS em omundoultra.blogspot.com

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  2. Parabéns por serem únicos. Admiração eterna pelos grandes SS.
    Abraço desde Marco de Canaveses

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